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Disembarkation - Rotation 6
Relatório Anual 2021

Discriminação, abuso e meio ambiente: enfrentando e lidando com nossas responsabilidades

Médicos Sem Fronteiras (MSF) continua trabalhando para assegurar que pessoas em todo o mundo tenham acesso a cuidados de saúde. Como organização humanitária, entendemos que devemos questionar constantemente o alinhamento entre nossos princípios e práticas, monitorando nossa atuação e assumindo responsabilidades no combate à discriminação e aos abusos sofridos por nossas equipes, paciente, comunidades atendidas e meio ambiente como resultado de nossas próprias ações.

Em 2020, reconhecemos que, apesar dos esforços para lidar com as questões da desigualdade, da discriminação e do racismo institucional, o progresso foi insuficiente. Assumimos, portanto, um compromisso público de combate à discriminação e ao racismo na organização, tratado com máxima prioridade em 2021. Um conjunto-chave de ações foi organizado em sete categorias: remuneração do pessoal, incluindo salários e benefícios; gerenciamento de abuso e de comportamento; recrutamento e desenvolvimento de pessoal; exposição ao risco; comunicações e angariação de fundos; padrões de atendimento aos pacientes e comunidades com as quais trabalhamos; governança e representação executivas. No final do ano passado, divulgamos um relatório compilando os avanços alcançados por categoria. Ainda há um longo caminho pela frente, já que nosso objetivo é promover uma mudança cultural efetiva em termos de equidade e inclusão.

Em 2021, continuamos a abordar seriamente condutas impróprias em MSF, com o objetivo inequívoco de erradicar abusos de qualquer natureza dentro da organização. Infelizmente, o setor humanitário não está imune ao mau comportamento e a abusos. Em contextos de extrema vulnerabilidade, a presença de organizações humanitárias está associada a novas oportunidades de emprego ou negócios, o que representa poder. Tal poder, por sua vez, traz consigo um risco em termos de abuso, e entendemos que é nossa responsabilidade minimizá-lo.

Melhoramos nossas ferramentas de identificação de funcionários com comportamento abusivo nos últimos anos, para padronizar as sanções incutidas a tais indivíduos em escritórios e projetos de MSF em todo o mundo. Por outro lado, sabemos que muitos casos não são reportados, o que evidencia a demanda por mais esforços para tornar nossos mecanismos de denúncia mais acessíveis, principalmente às equipes contratadas localmente, às pessoas que tratamos e às comunidades locais com as quais trabalhamos .

Sabemos que as pessoas que apoiamos, em algumas das áreas mais vulneráveis do mundo, são extremamente afetadas pelo aquecimento global. Em 2021, testemunhamos em primeira mão as consequências de eventos climáticos extremos em algumas das regiões mais vulneráveis do mundo: milhares de pessoas deixaram suas casas em Moçambique devido à destruição causada por ciclones; furacões no Haiti e nas Filipinas devastaram cidades e vilas inteiras; e as inundações no Sudão do Sul afetaram quase um milhão de pessoas. Como parte das ações previstas no Pacto Ambiental 2020 de MSF, estamos comprometidos com a redução de nossas emissões de carbono em pelo menos 50% até 2030 – considerando os níveis observados em 2019. Nossas equipes estão trabalhando em alternativas para o transporte de pessoas e suprimentos, construção, energia e gestão de resíduos.

Responder rapidamente às necessidades humanitárias das pessoas será sempre nossa prioridade, mas precisamos fazê-lo de forma a não causar ainda mais sofrimento ou prejuízo de qualquer natureza àqueles a quem estamos tentando ajudar. Isso pode resultar em mudanças radicais na maneira como fazemos as coisas, mas se trata de um imperativo moral, humanitário e de saúde.

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