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Gaza
Os protestos, conhecidos como a Grande Marcha do Retorno, continuaram durante todo ano, ao longo da cerca que separa Israel da Faixa de Gaza, com menor comparecimento e vítimas em comparação a 2018. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, 1.822 palestinos foram feridos pelo exército israelense com munição real em 2019, enquanto milhares de pessoas feridas nos protestos durante 2018 ainda precisavam de um tratamento complexo e prolongado. Suas enormes necessidades médicas excedem em muito a capacidade do sistema de saúde, que foi prejudicado pelo bloqueio israelense de uma década e carece de equipamentos e suprimentos médicos essenciais.
Internamos 1.169 pacientes feridos nos protestos em quatro clínicas em Beit Lahia, cidade de Gaza, Área Central e Khan Younis, onde fornecemos curativos pós-operatórios, fisioterapia e apoio psicossocial. No hospital Dar Al-Salam, no sul de Gaza, e no hospital Al-Awda, no norte, nossos serviços incluíam cirurgia e cuidados pós-operatórios, tratamento para infecções ósseas, fisioterapia e aconselhamento de saúde mental para ajudar os pacientes em longos e dolorosos processos de tratamento. Nossas equipes operaram 609 pacientes por trauma, realizando 1.950 intervenções cirúrgicas.
Devido à gravidade e complexidade dos ferimentos e às altas taxas de infecções resistentes a antibióticos entre nossos pacientes, expandimos o hospital e a capacidade cirúrgica para um total de 36 quartos de isolamento, 19 leitos em enfermarias gerais e três centros cirúrgicos nos Hospitais Dar Al-Salam e Al-Awda.
Em abril, inauguramos em Gaza o primeiro laboratório equipado para analisar amostras de ossos e tecidos moles, um serviço essencial para detectar as bactérias que causam infecções em nossos pacientes. Anteriormente, as amostras tinham que ser enviadas para Israel para análise - um procedimento mais complicado e demorado.
Além de nosso trabalho com casos de traumas, internamos 5.531 pacientes queimados em nossas clínicas e apoiamos a unidade de queimados do hospital Al-Shifa com uma equipe para realização de cirurgias eletivas.
Cisjordânia
Em um contexto de ocupação contínua e intensificação da violência, nossas equipes continuaram a oferecer apoio psicológico gratuito e confidencial em toda a Cisjordânia.
No distrito de Hebron, nossa equipe internacional e local de psicólogos, conselheiros e médicos realizou visitas domiciliares, sessões psicossociais individuais e em grupo, e consultas de psicoterapia com adultos, adolescentes e crianças afetadas direta e indiretamente pela violência relacionada ao conflito.
Em Nablus e Qalqilya, prestamos assistência psicoterapêutica e psiquiátrica, terapia de grupo, sessões de conscientização sobre saúde mental em grupo e atividades de apoio psicossocial em duas clínicas e em um novo consultório inaugurado em dezembro em Tubas.
Conduzimos um total de 5.240 sessões de aconselhamento e psicoterapia ao longo do ano e 2.398 pacientes receberam apoio de psicoterapia.
História do paciente
Murad, 22, foi ferido durante os protestos da Grande Marcha do Retorno.
“Eu estava trabalhando antes, consertando antenas parabólicas, mas agora não posso mais, e ninguém me estendeu a mão me ajudar. Aprendi a consertar coisas, antenas parabólicas, TVs - poderia ganhar 15-20 NIS (US$ 4-5,50) por dia. Desde que fui ferido, só fico sentado em casa. Eu moro com minha mãe e não temos ajuda de nossa família. Não podemos mais pagar o gás para nossa casa de um cômodo e nos endividamos para comprar somente biscoitos e pão. Você vê quem são seus amigos em tempos difíceis; agora vejo que não tenho nenhum.”