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Rotation 7 - Rescue 1
Relatório Anual 2019

Operações de busca e salvamento

MSF and SOS MEDITERRANEE teams on the Ocean Viking rescuing 84 people from an overcrowded wooden boat, 71 nautical miles off the coast of Libya. February 2020. 
© MSF/Hannah Wallace Bowman
Operações de busca e salvamento em 2019 Em 2019, em meio à deterioração das condições na Líbia, Médicos Sem Fronteiras (MSF) retomou as operações de busca e salvamento com um novo navio, o Ocean Viking, em parceria com a SOS MEDITERRANEE.
SAR MSF projects in 2019
Map with all MSF projects in 2019

Para milhares de migrantes e refugiados encurralados na Líbia devastada pela guerra, tentar uma viagem mortal pelo mar Mediterrâneo é sua única esperança de fuga. Sem operações dedicadas à busca e salvamento, para resgatá-los de barcos superlotados e impróprios para navegação em alto mar, suas tentativas desesperadas muitas vezes estão condenadas a um final trágico.

Ninguém sabe quantos homens, mulheres e crianças perderam suas vidas durante estas travessias ao longo dos anos. Em 2019, pelo menos 743 pessoas morreram afogadas na costa da Líbia, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações. Em entrevista à revista alemã Der Spiegel, um oficial da guarda costeira da Líbia disse que metade dos barcos que partiram da Líbia durante o ano podem ter afundado sem serem detectados, sem sobreviventes.

Como os Estados da União Europeia fracassaram em suas responsabilidades de salvar vidas humanas no Mediterrâneo, MSF tomou a decisão de voltar ao mar em julho de 2019, sete meses após nosso navio anterior compartilhado, o Aquarius, ter sido forçado a interromper as operações.

No final de dezembro, o Ocean Viking havia resgatado 1.107 pessoas de barcos frágeis em perigo. A contínua falta de uma resposta coordenada no mar ou de mecanismos adequados de desembarque resultou em sofrimento prolongado para os sobreviventes. Portos seguros foram autorizados para todos esses sobreviventes na Itália ou Malta, em conformidade com o direito internacional e marítimo, mas muitas vezes isso ocorreu depois de um longo e desnecessário tempo a bordo, aguardando até que as autoridades designassem um lugar seguro. Em agosto, 356 pessoas vulneráveis tiveram que esperar 14 dias a bordo antes de serem autorizadas a desembarcar.

Video

A family testimony aboard the Ocean Viking

MSF/Hannah Wallace Bowman
“Já atendi vítimas de violência sexual e tratei pessoas que sofreram espancamentos brutais, eletrocussão, tortura – incluindo plástico derretido – e feridas relacionadas com a guerra. Um terço dos meus pacientes são crianças com menos de 18 anos.” Luca, um médico de MSF que trabalha a bordo do Ocean Viking, relatou em outubro de 2019:

As pessoas que resgatamos vieram de países africanos – como Sudão, Líbia, Somália, Eritreia, Nigéria e Etiópia – bem como de Bangladesh, Iêmen, Síria e outros lugares na Ásia e no Oriente Médio. Todos enfrentaram terrível violência na Líbia, emboscados em ciclos intermináveis de detenção e abusos. Muitos tentaram a travessia inúmeras vezes.

Na clínica a bordo, a equipe médica de MSF tratou pacientes com hipotermia, desidratação e enjoo causado pelo mar. Muitos pacientes também tiveram queimaduras resultantes do contato prolongado com combustível e água salgada no fundo de barcos de borracha, além de infecções na pele causadas por péssimas condições de higiene em seus cativeiros. Nossas equipes suturaram as feridas visíveis e tentaram fornecer algum alívio para as invisíveis.

Com a crescente insegurança na Líbia, as pessoas continuaram tentando a travessia durante o inverno, apesar dos riscos maiores. Os governos europeus estavam cientes e reconheceram os perigos enfrentados pelos migrantes e refugiados no país, mesmo assim apoiaram a guarda costeira da Líbia, que, em 2019, devolveu mais de 9 mil pessoas vulneráveis às mesmas circunstâncias das quais tentaram escapar. MSF continua a enfatizar o custo humano inimaginável pago por essas políticas de interceptação e detenção, e a defender respostas mais humanas com base no que nossas equipes observam em primeira mão.

“Eu tinha medo por mim e minha família. Não é fácil para alguém levar sua família nessa jornada arriscada. Mas não temos escolha. Temos que sair da Líbia. Não podemos mais suportar torturas ou escravidão. Só queremos ser livres”. Emanual, resgatado com sua esposa e bebê em novembro
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