515,100
515,1
169,100
169,1
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37,2
14,800
14,8
13,500
13,5
7,280
7,28
Médicos Sem Fronteiras (MSF) continuou atuando na Síria, mas nossas atividades foram limitadas pela insegurança e por restrições de acesso. Em áreas onde o acesso pôde ser negociado, nossas equipes administravam ou apoiavam hospitais e centros de saúde e prestavam assistência médica em campos de deslocados, seguindo avaliações independentes para determinar as necessidades médicas. Em áreas onde não era possível termos presença direta, mantivemos nosso apoio à distância, incluindo doações de medicamentos, equipamentos médicos e itens de primeira necessidade; treinamento remoto para equipes médicas; assessoria médica técnica; e assistência financeira para cobrir os custos de funcionamento das instalações.
Noroeste da Síria
No noroeste da Síria, centenas de milhares de pessoas foram deslocadas em consequência da ofensiva lançada pelas forças governamentais sírias e seus aliados, particularmente a Rússia, na província de Idlib, o último reduto da oposição, em abril de 2019. A maioria dos recém-deslocados se dirigiu para áreas densamente povoadas onde não havia água potável nem atendimento médico disponível. Tinham poucas opções, uma vez que a maioria das áreas consideradas relativamente seguras estavam superlotadas e sobrecarregadas em termos de assistência humanitária.
Escolas, hospitais, mercados e acampamentos para deslocados internos também foram atingidos e danificados durante a ofensiva. Em várias ocasiões, principalmente em agosto e no final de outubro, equipes médicas dos hospitais apoiados por MSF tiveram que lidar com o fluxo em massa de vítimas, com 10 ou mais feridos chegando de uma única vez. Alguns hospitais apoiados por MSF foram danificados por bombardeios, enquanto outros tiveram que reduzir ou suspender seus serviços, por medo de serem atingidos.
Apoiamos cuidados de saúde básicos e especializados em vários hospitais e clínicas nas províncias de Idlib e Aleppo, em áreas como ambulatórios e internação, emergências, centros cirúrgicos e maternidades, em coordenação com parceiros locais ou gestores de centros de saúde. Também
prosseguimos com nossas parcerias de cogestão com três hospitais de referência, o que envolve o desenvolvimento de estratégias e protocolos médicos com os diretores do hospital, apoiando todos os serviços, doando medicamentos e outros suprimentos médicos e cobrindo os custos de funcionamento (incluindo salários).
Em Atmeh, administramos uma unidade especializada em queimaduras, oferecendo cirurgias, enxertos de pele, curativos, fisioterapia e apoio psicológico. Uma média de 150 procedimentos mensais foram realizados em 2019 e os casos graves ou complexos foram encaminhados para a Turquia de ambulância. Também mantivemos nosso apoio aos departamentos-chave do hospital Al-Salama em Azaz, uma área que acolhe uma grande e crescente população deslocada.
Além disso, apoiamos programas de vacinação em instalações de saúde, conduzimos campanhas de vacinação nos acampamentos e seus arredores, e ajudamos com medicamentos que salvam vidas e acompanhamos quase 100 pacientes em Idlib que haviam recebido transplantes renais.
Em resposta ao influxo de pessoas deslocadas em Idlib, expandimos nossas atividades nos acampamentos, ampliando nossa distribuição de itens de primeira necessidade ─ como kits de higiene e colchões ─ bem como melhorias nos sistemas de água e saneamento e doações de material médico de emergência. Após a intensificação da ofensiva militar, também aumentamos a frequência das clínicas móveis que levávamos a assentamentos de deslocados, prestando assistência médica geral, serviços de saúde materna e tratamento para doenças não transmissíveis.
Nordeste da Síria
Em janeiro, lançamos uma grande resposta de emergência no campo de Al-Hol, na província de Hassakeh. A população do campo de aproximadamente 10 mil pessoas aumentou após a chegada de mais 60 mil pessoas deslocadas. O campo é composto por 94% de mulheres e crianças, que chegaram de Deir ez-Zordo, último reduto do grupo do Estado Islâmico. Em um cenário altamente politizado e militarizado, começamos doando itens de primeira necessidade e fornecendo atendimento de emergência na área de recepção do acampamento e, em seguida, abrimos uma unidade de assistência médica abrangente que oferece atendimento de emergência 24 horas por dia e um centro de nutrição terapêutica para pacientes internados. Iniciamos vigilância baseada na comunidade, atividades de água e saneamento em todo o acampamento, um programa de tratamento de feridas em barracas para aqueles que não podiam chegar às clínicas e encaminhamentos para um centro cirúrgico de MSF em Tal Tamer. Abrimos outro centro de cuidado de saúde primária no “Anexo”, bem como de atividades de água e saneamento, em uma área do acampamento onde estrangeiros são mantidos.
A situação mudou significativamente no nordeste da Síria em outubro, com o súbito deslocamento para o leste das forças da coalizão, lideradas pelos EUA. Em conjunto com grupos aliados de oposição armada síria, os militares turcos lançaram sua operação “Primavera de Paz”, que visava varrer as Unidades de Proteção do Povo Curdo de uma faixa de terra de 30 quilômetros de comprimento e 440 quilômetros de largura ao longo da fronteira com a Turquia. Como resultado, tivemos que suspender alguns projetos e evacuar temporariamente a equipe internacional para o Iraque e realocar algumas equipes nacionais para outras partes do nordeste da Síria.
No acampamento Ain Issa, província de Raqqa, equipes prestaram atendimento médico geral, vacinação, serviços de saúde mental e atividades de água e saneamento até outubro, quando o acampamento fechou e seus ocupantes fugiram por causa dos combates e da insegurança. Em seguida, começamos a apoiar o hospital municipal de saúde local em Ain Issa com doações de suprimentos médicos, antes de nos retirarmos devido à insegurança. Atividades médicas abrangentes, incluindo tratamento de talassemia para mais de 280 pacientes, também foram suspensas no hospital Tal Abyad depois que grupos apoiados pela Turquia assumiram o controle da área. Nosso programa no hospital foi encerrado no final do ano, uma vez que não conseguimos negociar a retomada de nossas atividades com as autoridades recém instaladas.
Na cidade de Raqqa, continuamos a administrar um centro de saúde geral que oferece atendimento de emergência, consultas ambulatoriais, apoio à saúde mental e vacinação. No Hospital Nacional de Raqqa, MSF completou uma grande reabilitação das instalações e, em seguida, montou e apoiou os cuidados de emergência, internação e pós-operatório, cirurgia geral e ortopédica, radiologia, bem como banco de sangue e laboratório. Continuamos apoiando essas atividades no hospital com doações regulares de suprimentos médicos e assistência financeira aos profissionais de saúde.
Mantivemos o apoio à maternidade de Kobanê/Ain Al-Arab, na província de Aleppo, com fornecimento de material médico e apoio financeiro aos profissionais de saúde. Continuamos a apoiar programas de vacinação de rotina em 12 locais em todo o distrito e doamos itens de primeira necessidade para famílias deslocadas de Tal Abyad e Afrin.
Após a evacuação temporária de nossos profissionais internacionais, também fomos forçados a suspender nossas atividades em Tel Kocher na província de Hassakeh, onde mantivemos um centro de saúde geral que atende uma comunidade árabe vulnerável, oferecendo serviços de pediatria, serviços para gestantes e pacientes com patologias crônicas. A partir de novembro, gradualmente retomamos algumas atividades médicas e começamos a implantar clínicas móveis para ajudar os deslocados no campo de Newroz.
Em outubro, nossas equipes distribuíram itens de primeira necessidade aos deslocados que viviam em campos, escolas ou com familiares e amigos nos campos de Tal Tamer, Hassakeh e Newroz. Doamos kits de higiene, cobertores e barracas multiuso. Em Tel Kocher, fornecemos kits de higiene e cobertores para vítimas de inundações e doamos mil cobertores e uma tenda para triagem ao hospital nacional de Hassakeh durante uma resposta às vítimas em massa.