1,826,300
1,826,3
776,600
776,6
102,600
102,6
38,200
38,2
34,300
34,3
9,100
9,1
7,760
7,76
6,950
6,95
6,910
6,91
Médicos Sem Fronteiras (MSF) manteve 54 projetos médicos em 17 das 26 províncias do país em 2018. Com serviços que vão desde cuidados básicos de saúde a nutrição, pediatria, tratamento para sobreviventes de violência sexual e atendimento a portadores de HIV/Aids, oferecemos assistência médica abrangente, onde ela é mais necessária. Respondemos a nove surtos de sarampo e a dois surtos sucessivos de Ebola em 2018, incluindo o maior já registrado no país, ainda em andamento no fim do ano.
Assistência a comunidades deslocadas e anfitriãs
Desde 2016, aproximadamente 1,4 milhão de pessoas foram deslocadas pela violência na região da Grande Kasai. Em 2018, nossas equipes na região apoiaram hospitais de referência em Kakenge, Kananga, Tshikapa e Tshikula, bem como 35 centros de saúde nas áreas adjacentes, com nutrição, pediatria, cuidados de saúde materna, cirurgia para trauma provocado por violência, tratamento para sobreviventes de violência sexual e encaminhamentos. Na zona de saúde de Kamonia, no sul da província de Kasai, também oferecemos assistência médica à população congolesa forçada a sair de Angola, país vizinho.
Realizamos mais de 80 mil consultas médicas na cidade de Bunia e no território de Djugu, província de Ituri, onde confrontos entre comunidades e lutas entre grupos armados causaram mais deslocamentos em larga escala. Também construímos banheiros e chuveiros, respondemos a surtos de sarampo e cólera e tratamos sobreviventes de violência sexual.
Continuamos a ajudar as pessoas deslocadas pela violência em 2017 em Kalemie, na província de Tanganica, oferecendo itens de primeira necessidade e água, assim como cuidados de saúde e suporte psicológico com uma abordagem comunitária. Também estabelecemos novos serviços de saúde primária e secundária para vítimas de violência e deslocamento em Salamabila, província de Maniema, e Kalongwe, em Kivu do Sul.
No fim do ano, enviamos uma equipe de emergência para ajudar milhares de pessoas que fugiam da violência extrema na região em torno de Yumbi, na província de Mai-Ndombe, no oeste do país.
Para ajudar os refugiados da República Centro-Africana que cruzaram para o norte da RDC, apoiamos hospitais e centros de saúde em Gbadolite e Mobayi-Mbongo, norte de Ubangi, e mantivemos clínicas móveis, que também serviram à comunidade local. Em Bili, na mesma província, apoiamos serviços de emergência, pediatria e neonatologia no hospital de referência e 50 centros de saúde e postos de saúde com abordagem integrada na comunidade.
No leste, ao longo da fronteira com o Sudão do Sul, tratamos mais de 48 mil refugiados nos acampamentos informais de Karagba e Ulendere.
Atendimento integral nas províncias de Kivu
As províncias de Kivu, no leste da RDC, têm sido afetadas por conflitos há mais de 25 anos. Lá, mantemos vários projetos de longo prazo, que garantem a continuidade dos cuidados, ao mesmo tempo que lançamos respostas de emergência a traumas e deslocamentos relacionados com a violência.
Em Kivu do Norte, nossas equipes realizam programas médicos abrangentes em Lubero, Masisi, Mweso, Rutshuru e Walikale, apoiando os principais hospitais de referência e centros de saúde periféricos, para oferecer cuidados de saúde básica e secundária. Os serviços incluem cuidados intensivos e de emergência, cirurgia, nutrição e cuidados de saúde materno-infantis, cuidados de saúde baseados na comunidade e atividades de sensibilização, como a vacinação em massa em áreas de difícil alcance.
Em Kivu do Sul, oferecemos tratamento para malária, HIV, tuberculose, desnutrição, infecções respiratórias agudas e doenças diarreicas a refugiados, pessoas deslocadas e comunidades locais. Tínhamos equipes trabalhando em mais de uma dúzia de instalações em toda a província, incluindo um novo centro de saúde em Kusisa. Construído em 2018, ele oferece alas de maternidade, pediatria e emergência e uma sala de cirurgia.
Tratamento de sobreviventes de violência sexual
Em Kananga, na província de Kasai Central, tratamos de 200 a 250 sobreviventes de violência sexual por mês em 2018, a maioria mulheres, mas também homens e crianças pequenas.
Também estabelecemos serviços psicológicos e médicos para sobreviventes de violência sexual em um hospital e quatro centros de saúde em Salamabila, na província de Maniema, e aumentamos os serviços em outros seis centros de saúde nas proximidades de Mambasa e em Mambasa, na província de Ituri, testando aplicativos para ajudar a melhorar a oferta de tratamento para 5.500 pacientes que sofrem de infecções sexualmente transmissíveis e sobreviventes de violência sexual.
Também mantemos uma clínica para sobreviventes de violência sexual em Walikale, Kivu do Norte, onde prestamos serviços médicos, de saúde mental e planejamento familiar.
Resposta a epidemias
Resposta a epidemias é uma atividade central de MSF na RDC e, em 2018, nossas equipes de emergência realizaram vigilância e diagnóstico inicial em 10 locais em todo o país, resultando em múltiplas ações de emergência.
Respondemos a nove surtos de sarampo, que afetaram as províncias de Haut-Uélé, Ituri, antigo Katanga, Kasai, Maniema e Tshopo ao longo do ano, oferecendo cuidados e apoiando o Ministério da Saúde para conter a disseminação da doença. Também apoiamos a resposta do Ministério a grandes surtos de cólera, que afetam muitas áreas, incluindo cidades como Kinshasa, Lubumbashi, Ngandajika e Mbuji-Mayi. Em Maniema, continuamos apoiando o Ministério da Saúde com gestão, busca ativa de casos e tratamento da doença do sono (tripanossomíase humana africana).
HIV/Aids continua sendo outra ameaça mortal no país, com números alarmantes de pacientes que se apresentam em estágio tão avançado da doença que precisam de atendimento hospitalar imediato, ou para quem o tratamento chega tarde demais. Nós mantemos um grande programa de HIV/Aids no Centro Hospitalar de Kabinda, em Kinshasa, onde atendemos mais de 2 mil pacientes em 2018, incluindo pessoas com HIV avançado. Nossas equipes apoiam as atividades de HIV/Aids de dois outros hospitais em Kinshasa e mantêm programas de orientação sobre HIV em três dos centros de saúde da cidade. Também oferecemos apoio técnico e financeiro a cinco centros de saúde em Goma, incluindo o hospital geral Virunga, para melhorar a prestação de cuidados de HIV e aumentar o acesso ao tratamento antirretroviral.
Surto de Ebola
A epidemia mostrou-se extremamente difícil de controlar, apesar da mobilização maciça de recursos. Sérias dúvidas sobre a abordagem adotada e sobre sua eficácia em atender às expectativas e necessidades das pessoas foram lançadas. A taxa de infecção tem aumentado continuamente, e os profissionais de resposta lutam para conquistar a confiança da população, sugerindo que a estratégia de resposta seja repensada em 2019.
2,800
2,8
450
45
O primeiro surto de Ebola foi declarado em 8 de maio, na província de Equateur, no noroeste da RDC. Médicos Sem Fronteiras (MSF) apoiou o Ministério da Saúde congolês em Bikoro, Itipo, Mbandaka e Iboko, tratando 38 pacientes confirmados, dos quais 24 sobreviveram e voltaram para suas casas. Infelizmente, 14 morreram. Mais de 120 outros pacientes que apresentaram sintomas consistentes com o Ebola foram isolados e testados, mas a presença do vírus não foi detectada.
Equipes de MSF, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde congolês vacinaram um total de 3.199 pessoas, usando uma vacina aprovada pela OMS com autorização temporária de utilização. Nossas equipes vacinaram, sozinhas, 1.673 pessoas em torno de Bikoro e Itipo, consideradas áreas de maior risco para o contágio do vírus, incluindo os contatos confirmados de primeira e segunda linha de pacientes com Ebola e profissionais na linha de frente (agentes de saúde, trabalhadores funerários, curandeiros tradicionais e mototaxistas).
Em 24 de julho, o Ministério da Saúde declarou o fim do surto. Na semana seguinte, em 1o de agosto, foi declarado um segundo surto, dessa vez na província de Kivu do Norte, no nordeste do país.Testes laboratoriais revelaram que ambos os surtos foram causados pela espécie do vírus Zaire, mas por duas cepas diferentes do vírus. Isso significa que não estavam relacionados.
Participamos da resposta imediatamente, investigando o primeiro alerta e estabelecendo um centro de tratamento de Ebola em Mangina, a pequena cidade onde o surto foi declarado. Depois, abrimos um segundo centro de tratamento em Butembo, uma cidade de 1 milhão de pessoas, que se tornou o local de maior risco até o fim do ano. Aumentamos progressivamente o nível de cuidados prestados e, desde as primeiras fases do surto, estávamos aptos a oferecer os primeiros tratamentos terapêuticos possíveis, seguindo o protocolo de emergência da OMS.
Como em Equateur, contribuímos para a resposta de emergência, vacinando os profissionais na linha de frente, enquanto a OMS e o Ministério da Saúde vacinaram os contatos de primeira e segunda linha das pessoas contaminadas com o vírus. Também ajudamos os centros de saúde locais a prevenir e a controlar infecções, estabelecendo zonas de triagem e instalações de descontaminação, onde um caso positivo havia sido relatado. Uma equipe de resposta rápida de MSF foi enviada para investigar alertas.
Até o fim do ano, mais de 600 casos confirmados e suspeitos haviam sido notificados, e 360 pessoas haviam morrido. O surto ainda não estava sob controle e o esforço de resposta continuou enfrentando inúmeros desafios. Com novos casos aparecendo em locais dispersos, o epicentro do surto deslocou-se várias vezes. A alta mobilidade de pessoas na região e o fato de alguns casos novos não estarem ligados a cadeias de transmissão previamente conhecidas dificultam ainda mais o rastreamento de contatos e o controle da evolução do surto. Além disso, o surto estava acontecendo em uma zona de conflito: a insegurança impedia o acesso total a determinadas áreas, e os episódios de violência interromperam atividades, potencializando a perda de espaços muito importantes para o controle da doença.
Nossos colegas desaparecidos
Em 11 de julho de 2013, quatro profissionais de MSF foram sequestrados em Kamango, no leste da RDC, onde realizavam uma avaliação de saúde. Um deles, Chantal, conseguiu escapar em agosto de 2014, mas ainda não temos notícias de Philippe, Richard e Romy. Continuamos comprometidos em obter sua libertação.